Chega amanhã aos cinemas o filme mais aguardado do ano. Estamos
em Fevereiro, com sorte pode ser que esta frase volte a ser aplicável daqui a uns meses,
em relação a outro filme qualquer.
O livro “As Cinquenta Sombras de Grey” é uma adaptação de um livro
com o mesmo título. Não o li. Limitei-me, para já, a ler o resumo das edições Europa
América da actualidade, ou seja a
Wikipedia. Pelo que percebo, a história é bastante simples: virgem
apaixona-se por multimilionário que gosta de sadomasoquismo, bondage e afins.
Ponto.
Então… O que é que faz com que as pessoas tenham as
expectativas tão elevadas com este filme, não só em Portugal como no Mundo?
Fizeram quilos de reportagens, e cheira-me que amanhã ainda
vão fazer mais umas quantas, sobre o filme: as pessoas a irem aos cinemas buscar
os bilhetes que reservaram há 3 meses (sim, TRÊS meses), o hotel que tem um
quarto alusivo ao filme (no Porto), a empresa que vendeu peças de mobiliário para os
cenários (sim, a empresa é portuguesa, sabiam?), etc.
E ao que achei mais piada foram umas senhoras que foram
entrevistadas a dizerem: “eu venho ver o filme, mas com umas amigas. O marido
fica em casa.” Mas, pergunto eu, é com as amigas que vão para a cama a seguir? Se
têm as expectativas tão altas em relação ao filme, e de certezinha que não é
por causa da história de amor mas sim pelas eventuais cenas de sexo, por que
raio vão vê-lo (o filme, entenda-se) com as amigas?
Parece-me a mim que há em Portugal muita gente sedenta de mais
“aventura” na cama. E não tem coragem de assumir ao parceiro. O parceiro, neste
caso o marido, devia ser aquela pessoa a quem se diz tudo. O que se quer, o que
não se quer, o que se gosta ou não, o que se planeia. O melhor amigo. Mas não.
E pior, é que me parece que há em Portugal muita gente
desertinha de mais aventura. Ponto. Aliás, ponto final parágrafo.
Anda toda a gente deserta de se libertar, de rir mais alto,
de cantar a plenos pulmões, de abraçar, sei lá, de ser mais natural. Mas não.
Andamos todos aqui enfiados com a cabeça no meio das orelhas, porque “ah e tal,
isto está mal”, “ah e tal, parece mal”.
Eh pá. Borrifem-se. Anda tudo de trombas e já ninguém sabe
porquê. Façam barulho. Gritem. Esperneiem. Mas façam qualquer coisa.
Eu ando a fazer por isso.