terça-feira, 11 de março de 2014

F8, modo de segurança?

Ontem foi dia. De nariz entupido e a respirar quase como os cães quando estão com calor, com uma comichão chata na garganta, daquelas que não nos faz tossir mas que está sempre lá, lá fui eu.

- Olá! Vai um F8?
- Olá! Vai o quê?
- F8! Vai adorar! Um treino rápido de 8 minutos, abdominais e glúteos.
- Treino rápido de 8 minutos? Referências a “rápido” e à minha pessoa não devem ser feitas na mesma frase… Vai correr mal, mas está bem.
- Já a chamam. O treino de F8 é dado aqui no meio (entenda-se, no meio do ginásio de cardio e musculação)

Voltei para cima da bicicleta. 2 minutos. Começa a sair de uma coluna uma música cujo ritmo só se aguenta se se tiver tomado umas pastilhas que fazem rir. Uma ‘coach’ começa aos gritos “F8! F8! Malta do F8!”.

“Mas quem é que me manda a mim ir na conversa desta gente?”, pensei com os atacadores.

Saltei de cima da bicicleta (pronto eu confesso, não saltei), e juntei-me aos outros. Sete por sinal. Todos da mesma faixa etária menos uma senhora. Cerca de 50 anos. Daquelas que treinam tão a rigor que até têm a maquilhagem a escorrer pelos olhos porque não tiraram o rímel e a tralha toda antes de começar a treinar. Óptimo aspecto portanto.

“É a primeira vez para alguém?”, pergunta a ‘coach’. Todos de braço no ar. “Menos mau”, pensei eu. “Nós, que fazemos F8, temos uma regra! A equipa tem de ter um nome!”, continuou. “Leopardos!”, respondeu prontamente a senhora do rímel. Senti um arrepio a percorrer a coluna vertebral de todos, incluindo a minha. “É esse o vosso nome?”, perguntou a ‘coach’, com um tom entre o “por amor de Deus mudem o nome” e o “mas quem raio é que se lembra de Leopardos?”. Concordámos, não fosse a senhora atacar-nos com um risco de rímel.

Depois de dado o ‘grito de guerra’, com direito a ajuntamento de mãos ao centro e tudo, começou: “Bora lá então! São 4 exercícios de 45 segundos cada um. Quando ouvirem a buzina começamos e mudamos quando a voltarmos a ouvir!”, disse a ‘coach’.

Agachamentos normais, a levantar braços ao mesmo tempo. Abdominais estendendo a perna e levando os braços à frente, agachamento lunge, e flexões. Todos eles tinham várias versões, da mais fácil à mais difícil. Eu fiz em todos a mais fácil (qual é a surpresa?). Um dos tipos que estava lá, daqueles musculados qb com pinta de quem faz ginásio todos os dias, caiu ao fim da segunda série de flexões.

Eu continuei.  E fiz tudo até ao fim. Só parei 30 segundos. Fiquei orgulhosa de mim. Os oito minutos acabaram e lá fizemos o grito de guerra: “LEOPARDOS!”.


Acabei o treino e fui para o balneário ouvir mais uma daquelas conversas que adoro. Desta vez, uma senhora a “queixar-se” à amiga que o marido não a larga desde que se reformaram.  “Agora anda comigo para todo o lado. Dantes cada um ia à sua vida. Eu ia ao ginásio à minha hora, ele ia à dele.” Não percebo. Aposto que dantes se queixava que nunca estavam juntos.

Enfim, vidas!

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